(eter)

30 janeiro 2007

city noise


"For a growing number of people, the major sound landscape is the sound of the city."

Robert Murray Schafer (1979)

The Noise And The City was born during the summer of 2003. The roots of the project are to be found in a fascination for urban zones, as places of concentrated architecture, population, exchange and life : exciting and creative spaces. On the other hand, creative processes have always been at stake for us, and the following interrogation in particular : through what ways does a piece come to life?

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(cliquem em seguinte » para passar as músicas)

fado, o

Alfredo Marceneiro nasceu em 1891.
Começou a cantar o fado mais a sério no "14", no Largo do Rato, antiga casa de jogo transformada em cabaret, quando os jogos de azar foram proibidos, com cerca de 20 anos, fados esses cujos versos ele mesmo improvisava.

Tem na garganta um não sei quê de estranho,
Que perturba e nos faz cismar:
É dor? É medo? São visões d'antanho?
Amor? Ciúme? É choro? É gargalhar?

É voz do fado - dizem - e eu convenho
Que ande na sua voz a voz do mar,
Onde Portugal se fez tamanho
E aprendeu a cantar e a soluçar.

O Marceneiro tem aquela atroz
Sonância d'onda infrene que em rochedo
Fareja e morde, impiedosa e algoz.

É voz roufenha que nos mete medo,
Mas que atrai, que seduz... É bem a voz
Do fado rigoroso, a voz do Alfredo.

João Linhares de Barbosa

Já com oitenta e muitos anos nunca deixou de espreitar a noite, onde fez a sua carreira, mas "...com o despontar dos primeiros alvores da madrugada, Marceneiro abandonava os retiros de fado e regressava, satisfeito, para junto da sua querida "Tia Judite"..."; mesmo que ninguém o fosse buscar a casa, assim que passava um táxi logo parava e o motorista com a alegria e gosto sentido, parava o carro e dizia: "Boa-Noite "Ti Alfredo". Onde é que quer que o leve hoje?"
"Oh! Meu querido filho, ainda bem que apareceste, leva-me ao Bairro-Alto", respondia ele invariavelmente.
De madrugada a cena era a mesma. Era ver qual o taxista que encontrava o "Ti Alfredo" para o trazer a casa, sabendo de antemão que tinha de estacionar o carro e ir lá a casa comer uma canjinha, deixada pronta pela "Ti Judite" para quando ele chegasse.
Muitos motoristas de táxi, principalmente os do turno da noite, foram especialmente importantes para a sua vivência nocturna.
Alfredo Marceneiro tinha um feitio muito especial, difícil para com aqueles que não atingiam um certo patamar de perfeição, especialmente músicos, interrompendo a música, chamando-lhes nomes e mesmo indo embora.
O fadista, a quem Amália dizia: "Alfredo, tu és o fado", cantou até morrer no dia 26 de Junho de 1982.
Visitem a página da net e vejam algumas das letras, entre notas biográficas e outras.

Encostado sem brio ao balcão da
taberna
De nauseabunda cor e tábua
carcomida
O bêbado pintor a lápis desenhou
O retrato fiel duma mulher perdida

alfredo marceneiro - o bêbedo pintor

alfredo marceneiro - o marceneiro

27 janeiro 2007

dance elegance

A pork recordings foi uma editora de certa forma visionária, ou pelo menos inovadora e trouxe alguma elegância à electrónica, personificada por projectos como Fila Brazillia, Heights of Abraham ou Solid Doctor, que não são mais que pseudónimos em torno de um grupo de produtores/editores que souberam criar uma envolvência própria muito interessante.

O projecto Solid Doctor, de Steve Cobby, um dos fundadores da editora, foi o que mais se aproximou das pistas de dança, embora sempre com um tom minimalista, muito underground e sempre de uma extrema elegância.
"How About Some Ether", de 1995, recolheu os trabalhos feitos entre 1993 e 1995.
É um disco duplo, sendo a primeira parte uma proposta mais ambiental e a segunda claramente virada para a dança.
"Lights on the vibe" faz parte do cd mais ambiental, enquanto "Jet smooth" e "Mixamatosis" foram retiradas do cd mais dançável.
É, talvez, o disco de dança, na sua vertente electrónica, mais elegante e mais inteligente que já foi feito.
Bom fim de semana.
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23 janeiro 2007

in the beggining

Not the very one, que esse pertence a tempos kraftwerkianos, mas um dos projectos que deu passos seguros em direcção a outro nível qualitativo na esfera da música electrónica no princípio dos anos 90 foi, seguramente, o de Richard "DJ Dick" Whittingham (que vinha do punk) e Glyn Bush (um ex-rocker), aos quais se juntou depois Farda P (rapper MC), ou seja, os Rockers Hi-Fi.

Reciclaram sons da década de 70, pegaram no dub jamaicano e no house americano e extraíram sons a partir das condições de visibilidade de uma nuvem de fumo.
Foram, juntamente com as novidades vienenses e um ou outro que se destacou num período em que os produtores irrompiam como cogumelos, dos mais interessantes desse período de grande efervescência musical electrónica.
O seu primeiro single, "Push Push", gravado e rodado desde 1992, saíu em 1995, o qual se juntou a "What a Life" que tinha sido gravado em 1994 e logo criou grandes expectativas no meio, mas só em 1995 é que o álbum "Rockers to Rockers" fez as delícias de quem esperava este disco, já um clássico da música electrónica.
Um ano depois surge "Mish Mash", um disco mais relaxado e atmosférico e mais dub, com algum som de fundamentos hip-hop.
O terceiro "Overproof", já de 1998, foi gravado depois de um disco de remisturas da colecção Dj Kicks, da editora Studio !K7.
Ficam os mp3 de "Push Push" e mais duas músicas de cada um dos discos seguintes.
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banda sonora (II)


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versões escolhidas (V)


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the mountain goats - trash

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19 janeiro 2007

juventude em marcha

Nos states dizem que são os novos sonic youth.
O rótulo já ninguém lhes tira...

magic dirt - my pal

magic dirt - johnny loves sarah
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18 janeiro 2007

hawley

Como já outros observaram, Richard Hawley tem um excelente disco, "Coles Corner", o primeiro gravado pela Mute Records.

Elegante é o mínimo que se pode dizer do disco do guitarrista que acompanhou ao vivo os Pulp e Beth Orton, entre outros, e seguidor de Scott Walker e Lee Hazlewood.
A propósito, deixo aqui, além do avanço para o novo disco, uma excelente versão de Hawley com Jarvis Cocker do velho mestre ("A Cheat").

richard hawley - coles corner

richard hawley/jarvis cocker - a cheat
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combate

Quantos rounds terá este combate?

versões escolhidas (IV)

Um caso especial, já que muitos se espantaram pela escolha da cover dos Belle and Sebastian de "Baby Jane" de Rod Stewart. Ao que consta, Stuart Murdoch tem uma obsessão pelo homem.
Há razões que a razão desconhece.
Ok, admito que tenho um fetiche por este tema, que é a minha primeira memória dos tempos de quando comecei a frequentar discotecas e este hit estava na berra.
Recordo particularmente a disco que funcionava num hotel nas termas do Luso, que frequentei durante anos de férias pós-Verão, na qual o disc-jockey de serviço devia passar a música 5 a 6 vezes por noite.
Assim se destrói a (pouca) esperança de um início de adolescência prometedor.

belle and sebastian - baby jane

16 janeiro 2007

keyboard

Continuando em 1996, destaco um álbum que os Beastie Boys gravaram nesse ano -"The In Sound From Way Out"- um disco instrumental com uma sonoridade completamente diferente da que associamos ao universo Beastie Boys.
Como já referi anteriormente, a gravação deste disco não terá sido propriamente um acaso, atendendo à boa surpresa que representou o primeiro disco a solo do teclista Mark Ramos Nishita aka Money Mark um ano antes.
Refrescar de ideias ou devaneio de quem tenta a subversão, certo é que foi um dos melhores discos desse período, especialmente para quem não gosta particularmente de Beastie Boys.

beastie boys - lighten up

beastie boys - shambala

12 janeiro 2007

pills

Acompanho desde o início a evolução da música electrónica, tanto na sua vertente mais dançável como na mais atmosférica/ambiental e pode-se dizer que acompanhei com entusiasmo muitos projectos, alguns dos quais ainda continuam a produzir a bom nível.

Nas próximas semanas farei uma retrospectiva de alguns que marcaram a década de 90 e início do novo milénio.
Para ser pouco coerente, o primeiro que vou deixar aqui tem uma sonoridade - o tecno - que gravitou sempre um pouco fora das minhas preferências, excepto nalgumas noites em que a química era analisada de uma perspectiva experimental.
Puro e duro, virado para as pistas, Paperclip People foi um dos projectos de Carl Craig que nem alcançou muita notoriedade, excepto nalguns meios clubísticos underground.
Mas pode-se dizer que "throw", retirado de "The Secret Tapes of Dr. Eich", de 1996, é um clássico e um bom exemplo do que foi certa sonoridade de meados da década de 90.
Já lá vão 10 anos.
E o fim de semana está aí...
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arrumações

Já está disponível na barra da direita o arquivo por artistas, que engloba todos os destaques nos postos do (eter), de modo a ser mais fácil encontrar o que se quer ouvir, além das que estão no posto de escuta aqui ao lado. Já contei quase 130 entradas de músicos/bandas diferentes, assim como no género musical, o que possibilita a sustentação do ecletismo que está escrito lá em cima. Há, porém, alguns géneros musicais que a seu tempo serão alvo de maior atenção, embora ainda tenha de ir postando muitos dos incontornáveis para isto ficar mais composto.
Embora pareça estar atrasado, desejo-vos um bom ano de 2007.

how many miles

Esta foi uma das músicas que mais me fez regressar ao passado e me obrigou a rever imagens um pouco esquecidas na distância temporal e geográfica.

A explicação é simples - a memória dos anos a ouvir Bob Dylan na partilha de momentos inesquecíveis quase que se materializa.
Os nova-iorquinos Walkmen tiveram este ano mais um excelente disco, "A Hundred Miles Off", do qual faz parte a música de que falo, que tem o mérito de ser uma versão ainda superior à original, dos Mazarin, apesar de ser muito semelhante, curiosamente uma música que também é deste ano e que faz parte de um bom disco.

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10 janeiro 2007

partilha

A partilha de música ou a divulgação grátis.
E eu que ainda ontem ouvi o Paulo Branco dizer que não se importa nada com a pirataria, o que lhe interessa é a divulgação.

news

Continuando nos destaques de 2006, vislumbramos finalmente um disco equilibrado do primeiro ao último acorde e que vai beber à fonte dos Violent Femmes, - embora estas comparações sejam sempre restritivas - dos Tapes 'n Tapes, que tiveram em "Loon", o seu disco de estreia, o que poderá ser o início de uma boa carreira. A rever, já que boas influências não faltam. Até vou exagerar nos aperitivos...

tapes 'n tapes - crazy eights

tapes 'n tapes - the iliad

tapes 'n tapes - insistor

tapes 'n tapes - 10 gallon ascots

tapes 'n tapes - cowbell



Outro bom disco é o dos Tap Tap ("Lanzafame"), um projecto nas redondezas Arcade Fire que também teve uma boa estreia.
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tap tap - way to go boy
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tap tap - what a clever thing to say
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tap tap - drink like a boy
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09 janeiro 2007

koop

08 janeiro 2007

lisboa dakar

Thione Seck gravou o ano passado um dos melhores discos na categoria world music ("orientation").

O músico senegalês, corria o ano de 1980, gravou em Dakar a que se pode ouvir aí em baixo:

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06 janeiro 2007

more 80's


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Não sei se estamos de acordo, mas estes envergonhavam os Decemberists...
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tudo o que não se diz


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04 janeiro 2007

80's

Finalmente encontrei!
Já tinha feito umas pesquisas há uns tempos atrás, mas ainda não tinha conseguido a banda sonora dos sábados à tarde nos anos 80.

the love boat theme

listas

Penso que não faz muito sentido, nestes download times, andar a fazer listas de discos do ano, salvo raras excepções.
Quando observamos que o mais interessante surge e se torna visível através da internet, criando assim um mercado per si, sem a influência de editoras, torna-se óbvio que o single, hoje, dita regras.
Os tempos dos longa duração estão cada vez mais distantes e as audições de discos inteiros tornam-se decepcionantes e nostálgicas.
Sinais dos tempos em que o imediato impera, embora nem tudo funcione assim; e se sou adepto do todo que faça sentido, não fico indiferente à nova realidade de singles pagos à unidade, juntando a isto o facto de haver cada vez menos discos interessantes como um todo.
Afinal, quem nunca fez as suas gravações/selecções em cassete de fita, passando depois a fazê-las em cd?
No ano que passou, se o single que mais me tocou foi el perro del mar ("god knows"), que podem ouvir num post em baixo, ficam mais alguns a juntar a outros que desfilaram em posts anteriores, destaques estes sempre incompletos, como é óbvio.
Para os sons fora da esfera anglo-saxónica, mais adiante surgirão os destaques, já que de música intemporal falamos.

koop - koop island blues

knife - marble house

tv on the radio - wolf like me

the good the bad and the queen - kingdom of doom

beirut - scenic world