(eter)

29 novembro 2006

Julio Cortázar

"Até agora, nunca tinha amado as suas amantes; havia algo nele que o levava a tomá-las demasiado depressa para ter tempo de criar a aura, a zona necessária de mistério e desejo que lhe permitisse organizar mentalmente aquilo que poderia um dia chamar-se amor."
.
.


alice






Alice in wonderland

.

.

Waits on Alice

.

.

.

tom waits - alice

.

28 novembro 2006

grandes mestres (IV)

Grande virtuoso das tablas e filho de outra lenda (Ustad Alla Rakha), ouvir Ustad Zakir Hussain é para mim uma experiência religiosa.

O hipnotismo gerado leva a um estado de meditação e a um lugar fora do tempo, que tenho utilizado ao longo dos anos e que sempre permite o acto expiatório ou, pelo menos, a limpeza mental e o silêncio interior.
Não me perguntem porquê, mas é um dos meus altares mais eficazes.
Desde sempre no posto de escuta, é o momento de partilhá-lo com os mais distraídos.
.
.

27 novembro 2006

cesariny

you are welcome to elsinore

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar


"Eu acho que se se é surrealista, não é porque se pinta uma ave, ou um porco de pernas para o ar. É-se surrealista porque se é surrealista!"
"[o amor] É a única coisa que há para acreditar. O único contacto que temos com o sagrado. As igrejas apanharam o sagrado e fizeram dele uma coisa muito triste, quando não cruel. O amor é o que nos resta do sagrado."

26 novembro 2006

filactera

Não se pode dizer que as edições de jazz em Portugal proliferem, já que não há mercado que sustente tal investimento.
Mas de vez em quando os nossos consagrados gravam e fica a certeza que não é por falta de qualidade nem de ideias que a cena não se desenvolve.
Em 2002, inspirado nos comics e em jeito de homenagem aos autores, Mário Delgado grava "Filactera", um excelente disco em que as influências dos diferentes personagens são notórias.
Dois exemplos, um dedicado a Enki Bilal e outro a Morris & Goscinny.

mário delgado - a mulher armadilha

mário delgado - i'm a poor lonesome cowboy (reprise)
.

24 novembro 2006

recordar

Ode à inocência.
Perdida.

jeanette - porque te vas

22 novembro 2006

21 novembro 2006

cat

Aproveitando a embalagem "a não perder" que parece ser fértil nesta época, façam o favor (não a mim) de irem ver esta menina. Junto duas canções (a outra já está há bastante tempo no posto de escuta).
Dia 4 de Dezembro na Aula Magna lá nos encontramos.

p.s.-ouvi dizer que ía a orquestra toda, violinos, violoncelos e "back vocals" incluídos.

cat power - werewolf

cat power - lived in bars

20 novembro 2006

rock 'n' roll (II)

Houve um período algures nos anos 80, em que certo rock se caracterizava por uma energia e por uma lírica despretensiosa e até um pouco ingénua, reminiscências de qualquer coisa legada de "streets of fire", o que já estará a dar alguma má disposição a alguns e saudosismo a outros.

Os Gossip, já neste século, voltam a trazer essa atitude herdada do punk e têm na volumosa presença e poderosa voz de Beth um dos grandes trunfos.

"Gossip is young + full of blood. We have existed for 5 years. We are a punk band consisting of 3. We are interested in art, change, the underground, dancing, fashion, punk history, crime and movements. We will nvr die. We are artists, poets, cooks, writers, feminists, designers, musicians & djs. This is life dedication to action, passion & drive."
.
Ficam aqui duas músicas do disco de 2006 "Standing in the way of control".
.
.
.

19 novembro 2006

pif paf

Só uma correcção, caro Tiago:
É , de haver passado meia hora.
...É uma obsessão minha.

17 novembro 2006

ali farka toure

Quando iniciei este blogue, já esta lendária figura da world music tinha deixado este mundo.

Embora com atraso, aqui fica a referência e a homenagem ao bluesman do Mali.
Ali Farka Toure nasceu em 1949, começou a tocar guitarra em 1956 e faleceu em 2006.
.
.

15 novembro 2006

Amadeo de Souza-Cardoso

A não perder.

De 15/11/2006 a 14/01/2007
10h00 às 18h00
Galeria de Exposições da Sede, Piso 0 e 01




14 novembro 2006

drome(d)

Mesmo na net, onde quase tudo se encontra, é difícil obter referências a "Dromed", disco de 1995 do projecto Drome.

Drome é um dos projectos do alemão Burnt Friedman (nome artístico de Bernd Friedmann), entre os quais Flanger (com Atom Heart), Non Place Urban Field e Bernie The Bolt.

Drome foi um projecto de chill out ambiental, embora muito diferente dos existentes até então, já que era composto de break beats em slow motion, algo que, até à data, destoava dos projectos de música ambiental mais relaxante de night recover.
Oiçamos duas dessas peças avant-garde da colecção que este disco representa.


13 novembro 2006

muses

Um dos discos mais inspirados e equilibrados em força e suavidade da década de 90, o primeiro a solo da voz dos Throwing Muses - Kristin Hersh - foi este "Hips And Makers" de 1994.

Se "Your Ghost" teve o merecido destaque como single de sucesso, "A Loon", outra das grandes canções do disco, já não teve essa sorte.
.
.
.

09 novembro 2006

mainstream


Quando me convidaram para passar música num certo bar, há já uns tempos, um amigo próximo avisou-me: "vais dar pérolas a porcos".
Eu no meu optimismo refutei, alegando pedagogia.

Mas há coisas que não se ensinam.

08 novembro 2006

vernissage


Exposição colectiva em que participa um amigo.

07 novembro 2006

lost souls

Quando os dEUS lançaram em 1995 "My sister = My Clock", um disco mais experimental e inacessível, o prenúncio da separação já se sentia pela junção de criatividades díspares que esse disco representava.

Do quinteto de Antuérpia saíram, assim, Rudi Trouvé e Stef Carlens, para formar os Kiss My Jazz (entre outros projectos) com outros músicos belgas (no total de 16 !). Na verdade, a banda já havia sido formada em 1991, embora tocando só ao vivo em registos ocasionais, fazendo a estreia discográfica em 1996.

Este disco, "In The Lost Souls Convention" foi gravado em 1997 e da música que os Kiss My Jazz fazem não se pode dizer muita coisa, ou, pelo contrário, ter-se-á que dizer muita coisa, tal a estranheza e a diversidade das influências da música que fazem.
O jazz, rock, non-sense, anarquismo musical por vezes, a confusão, o imprevisto, há de tudo.
Vamos ouvir três exemplos distintos de um disco onde a heterogeneidade impera.
" Jesus is alright ".
.
.
.
.

banda sonora (I)


the george baker selection - little green bag

stealers wheel - stuck in the middle with you
.

06 novembro 2006

03 novembro 2006

and dance

Figura maior da cena disco e ícone gay negro americano nos anos 70, quer-me parecer que só nos circuitos gay é que se conhece e idolatra Sylvester, essa grande figura da música que marcou essa época.
Oiçam esta faixa e continuem a dançar.


.

let´s dance













02 novembro 2006

music blogs

more music?
ok

red snapper

Na primeira vaga trip-hop surgiram muitos projectos que desapareceram como surgiram: rapidamente.
Os Red Snapper foram dos primeiros a surgir, mas o seu som nunca permaneceu imutável e foram ficando, nunca se conformando com as primeiras fórmulas.
Pelo contrário, o seu som foi evoluíndo e, de disco para disco, as novidades conceptuais traziam sempre diferenças relativamente aos antecessores.
O disco que mais me prendeu a atenção foi este "Prince Blimey" de 1996, fortemente marcado pelo jazz, mas - sinais dos tempos - fortemente narcotizado.
Baixos poderosos num registo mais drum 'n' bass.

red snapper - 3 strikes and you're out

red snapper - fatboy's dust

red snapper - the paranoid

red snapper - the last one
.

01 novembro 2006

bomba etérea

É com um sentido agradecimento que a gerência assinala o (eter) na lista de destaques desta menina inteligente que é uma bomba e que, pela natureza do nome, faz o verdadeiro blow (up) job blogosférico.

new kind of blues

Quando Alan Vega , voz dos Suicide, se juntou a Alex Chilton e a Ben Vaughn para uma gravação entre amigos, só se podia esperar algo completamente diferente. O resultado?

Uma estranheza que se cola às entranhas e que vislumbrou novos caminhos para o blues, ainda não devidamente percorridos por outros.
.
O disco "Cubist Blues", datado de 1996, foi gravado em duas sessões nocturnas de improvisação, o que o aproxima da tradição jazz; todas as músicas foram gravadas à medida que iam sendo criadas no estúdio nessa two nights session.
O futuro é já aqui.